Acabou a espera e comecei a caminhada.

A partir de agora é sem paragens, sem tropeções.

Já não vou caír nas emboscadas, nos ardis, nas armadilhas.

Tudo ficou claro, assim de repente.

Consigo ver o caminho.

É incrivel como vejo tudo...

Especialmente depois de andar tanto tempo sem ver nada...

E tu não estás lá. Não te vejo.

Pensei-te lá... Há muitos anos... Numa outra vida que já não é a minha.

Numa outra dimensão que já me é difícil recordar.

Não pela má recordação dessa vida mas pela obscuridade em que vivia,

nas incertezas, nas inseguranças, com o olhar turvo das lágrimas...

Tudo isso mantinha a cortina fechada, o nevoeiro denso, o caminho difícil.

Agora dou-me conta que tenho-o a ele. Que sempre o tive mas não o via...

Como pude deixar de vê-lo, se sempre lá esteve antes e está agora?

Só importa que já vejo. Que o vejo.

Mesmo que não tu não estejas lá... não importa...