domingo, 9 de agosto de 2009


Hoje, ao ler uma crónica de Lobo Antunes, lembrei-me do tempo em que entravas em casa e me chamavas para te dar um beijo, ao que eu me escondia debaixo da cama para não ter de te beijar. Dizias-me então,«Vem cá ver o presente que o paizinho te trás no chapéu!»... E eu continuava debaixo da cama até o pó me entrar para o nariz e esfregá-lo até sangrar e, nessa altura, sentavas-me ao teu colo que eu dizia que me aleijava.
Hoje o teu colo não me magoa, falta-me. Queria receber-te com um abraço apertado e encher-te de beijos. Deixaria que me cobrisses tu também de beijos e mimos.
Lembras-te quando me vieste buscar de coche? levaste-me a passear por estradas entre montes com casas coloridas... Tanta cor e tanta luz...E estavas tão feliz... Tanto como eu fiquei ao ver-te... Não trocámos uma palavra, mas não foi preciso. Foi a última vez que estivemos juntos. A última vez que te vi. E é assim que te recordo sempre.
Hoje espero sentada na cama, que entres pela porta, me chames para te dar um beijo e ver a prenda que me trazes no chapéu. Já não me quero esconder debaixo da cama. Nunca mais.

4 comentários:

  1. que post fantastico! gostei, por estas coisas que t dedico um selinho! tá no meu blog para vc pegar!lol beijos

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  2. Obrigada pelo selinho. Fico lisonjeada. Beijos

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  3. Gaja, escreve um livro, uma cronica, qualquer coisa que seja, mas escreve... e faz-me um favor escreve sempre!
    Há coisas que têm de ser escritas, há coisas que se não escrevemos rebentamos e depois há aquelas coisas que se escreve... e quando os outros lêem... é só magnifico, apenas isso, e para mim isso não precisa de explicação, não precisa de nada mais... é apenas isso mesmo. Magnifico!
    Arrepia, dá vontade de ler e ler outra vez... é só isso!

    Beijo grande

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  4. "Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.", Álvaro de Campos

    Tambem não és nada, mas a verdade é que a escreveres assim és um nada muito grande...

    Beijo

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